Doenças
Antes de citarmos as patologias mais comuns nas aves de
combate, devemos realçar que, a higiene e o asseio das
instalações, comedouros, bebedouros, água e alimentos, são
fatores primordiais em todas as fases da criação. Porém, doenças
podem aparecer mesmo quando todos os cuidados são tomados, e
neste momento é importante sabermos agir corretamente.
Colibacilose:
É uma doença causada por uma bactéria que está encontrada
normalmente nos intestinos das aves, porém, vivendo em equilíbrio.
Quando ocorre uma queda na imunidade, devido a vários fatores
como mudança de temperatura, estresse ou ainda troca de penas;
estas bactérias começam a se multiplicar desordenadamente,
desencadeando a patologia. Geralmente, os animais adultos são
resistentes a esta enfermidade, acometendo freqüentemente os
animais jovens (pintinhos até 15 dias). Os sintomas são a diarréia
freqüente e mal cheirosa, apatia e falta de apetite nos animais
doentes.
A prevenção se realiza através do isolamento dos doentes e
desinfecção do local onde estes se encontram e ainda a higiene dos
utensílios como comedouros e bebedouros.
O tratamento é feito com antibiótico de amplo espectro, porém
existem alguns mais indicados para doenças gastrintestinais. A
Enrofloxacina (nome comercial é Baytril), 1ml/ave adulta, age bem
nesses casos onde não se encontra resistência do agente. Já para
as cepas resistentes se usa a Terramicina ou o Cloranfenicol
(Quemicetina). Deve ser usado um complexo vitamínico para
melhor recuperação dos animais.
Salmonelose:
Doença que geralmente acomete adultos, podendo afetar
também os jovens sendo que nestes os sintomas são: dificuldade
respiratória, abdome edemaciado, asas caídas. Nos adultos ocorre
uma diarréia esbranquiçada, por isto esta doença é popularmente
chamada de “diarréia branca”. Esta doença é uma Zoonose, isto é,
pode acometer os humanos, por isso devemos ter boa higiene
pessoal depois de manipular os animais doentes.
Para esta patologia se indica o Cloranfenicol (Quemicetina) de
uso injetável na dose de 0.5ml/ave adulta. Um complexo vitamínico
também é conveniente na fase de recuperação.
Proventriculite ou “empapamento”:
Doença que se caracteriza pela inflamação do papo,
ocasionando a estase do alimento neste compartimento. Pode ter
duas causas: Causa local ou causa hepática.
Na proventriculite de causa local, geralmente se tem a infecção do
papo por fungos, mas este caso é mais comum em pássaros. Nas
aves, quase que todos os casos são de proventriculite de causa
hepática, que é a parada do alimento no papo devido a um
processo de diminuição da função hepática. O tratamento se baseia
no uso de um antibiótico de amplo espectro como a penicilina
(Agrovet) na dose de 1ml/ave adulta e no uso de protetores e
estimulantes hepáticos como o Mercepton, Bionew ou Ornitil. A
dieta nesta fase deve liquida ou pastosa.
Bouba aviária ou “pelota”:
Doença viral que se caracteriza pela formação de nódulos na
pele das áreas glabras (sem penas) das aves. Em casos mais
graves ocorrem também nódulos na mucosa ocular e oral.
Geralmente acometem os pintinhos, mas pode afetar animais até 1
ano de idade. Não há medicamento eficaz para o tratamento desta
patologia, sendo que a melhor forma de prevenção é a vacinação.
Pode-se utilizar solução de iodo 2% nos nódulos e ainda administrar
antitérmicos nos animais acometidos.
Encefalomielite aviária:
Doença caracterizada por sintomas de origem neuromuscular
como fraqueza nas pernas e dificuldade de equilíbrio. É uma
enfermidade de origem viral, portanto não há medicamentos
eficazes para o tratamento, que deve ser à base de vitaminas do
Geralmente só acomete os machos, as fêmeas são
resistentes, porém transmitem através do ovo. Deve-se eliminar do
plantel todas as fêmeas mães e irmãs de machos que manifestaram
a doença.
Micose cutânea ou “bouba branca”:
Doença cutânea caracterizada pelo aparecimento de placas
de cor branca na pele, é de origem fúngica. Tratamento deve ser
feito à base de pomadas fungicidas como Vodol, Miconazol ou
similar.
Sarcoma ulcerado ou “Caroara”:
Doença de origem bacteriana inespecífica, associada à uma
neoplasia do tecido cutâneo e articular que geralmente ocorre na
articulação do joelho das aves. O tratamento é tópico e sistêmico;
nesta enfermidade há a necessidade de se analisar cada caso
isoladamente.
Sarna podal das galinhas ou “cascão”
Doença parasitária causada por uma sarna que se aloja sob
as escamas que recobrem as pernas das aves. O tratamento é à
base de banhos antiparasitários como o Amitraz ou a Cipermetrina
nas doses indicadas.
Coriza:
Doença viral que se manifesta através de sintomas
respiratórios. É altamente contagiosa e se não tratada pode levar o
animal a uma pneumonia crônica. O tratamento é à base de
antibiótico como a penicilina, servindo este não para combater a
coriza, mas sim, para previnir a instalação de um pneumonia;
recomenda-se usar também um imunoestimulante como o Ripercol
oral (é um vermífugo que possui propriedade imunoestimulante).
Auto Mutilação
A causas da doença são: carências nutricionais, presença
de ectoparasitas ( piolho), stress ( condições inadequadas de vida,
solidão, perda de companheiro de longa data, morte do proprietário,
mudança de ambiente, ansiedade, etc) além de outras causas,
bastante discutidas, tais como: frustração sexual e processos
alérgicos.
O prognóstico e o tratamento dependem, obviamente, da
principal causa envolvida, visto que é uma doença multifatorial. No
geral, o prognóstico é de bom a reservado, quando inicia-se o
tratamento no
começo do processo e de reservado a desfavorável quando animal
já esta literalmente comendo pedaços do seu próprio corpo.
Com relação ao tratamento, o protocolo consiste: correção
alimentar e uso de polivitamínico, verificação de ectoparasitas ( em
caso positivo fazer tratamento normalmente para piolhos, utiliza-se
produtos à base de piretróides), uso, se necessário, de antibiótico
de amplo espectro caso ocorrram dermatites ou soluções de
continuidade na pele, os anti-histamínicos (hidroxizine) 2mg/kg/oral
também são indicadas.
O próximo passo do tratamento é verificar alterações
psicológicos que levem o animal ao quadro de stress, patologia
muito comum nas aves e animais silvestres, e de difícil tratamento
visto que o stress é uma doença que está relacionado ao próprio
encarceramento do animal.
Outra boa opção seria a colocação de colares elizabetanos
no pescoço da ave, dificultando seu acesso às áreas afetadas, este
colar permaneceria no pescoço do animal até a cura das feridas e
do crescimento das penas, além do uso de medicamentos
topicamente, que inibam a auto-mutilação, como por exemplo, a
aplicacão nas áreas afetadas de extrato de babosa ( aloe vera ),
que por ser bastante amargo inibe o animal de se comer.
A última tentativa de melhora do processo de automutilação,
seria a utilização de fármacos psicotrópicos, como por
exemplo, o haloperidol (haldol) na dosagem de 0.15mg/kg/oral ou
fluoxetine (prozac) 2mg/kg/oral.
Enfim, é uma doença delicada, pois normalmente não tem
causa física e sim psicológica. Prevenir ainda é o melhor caminho,
por isso o correto é dar uma vida digna, na medida do possível,
para a ave encarcerada. Temos que pensar na qualidade de vida
destes animais. Na minha opinião, a auto-mutilação é o melhor
exemplo de manifestação física da somatização de transtornos
psicológicos que o animal sofre ao longo de sua vida. A qualidade
de vida inclui, dentre outras, manejo, alimentação e ambiente
corretos para a espécie em questão.